O corante carmim

Você come inseto moído e adora

Inútil, pero no mucho
2 min readAug 16, 2020

Dar cor a alimentos sempre foi um problemão para a indústria alimentícia. A substância corante precisa ser segura para consumo humano (o velho “não pode fazer mal, intoxicar, envenenar, dar alergia”, essas coisas triviais), não pode alterar o gosto do alimento ao qual é adicionado e deve ser estável o suficiente para não mudar de cor e de aspecto ao ser cozido, fervido ou congelado. Ah, e se não for pedir demais, que seja barato. Realmente, um quebra-cabeças difícil de solucionar.

Então, imagina a festa quando descobriram o corante carmim, que é natural, incrivelmente estável e resistente a calor.

Ele já era usado pelos astecas e os maias a mais de cinco séculos e tem um ótimo histórico de segurança. Além de tudo isso, pode ser usado para fazer cores vermelhas, rosas, laranjas e roxas.

Por todas essas vantagens, a indústria alimentícia — e também de cosméticos — caiu matando e adotou o corante carmim com fervor. Você come esse corante em tudo o que é alimento mais ou menos vermelho: iogurte de morango, gelatina, bolacha*, cobertura de bolo… a lista é imensa.

O detalhe que nem todo mundo sabe, e que obviamente nenhuma empresa comenta, é que o corante carmim é conseguido a partir de um inseto, a cochonilha.

Eles são minúsculos, têm apenas 5mm de comprimento. Para o corante, são capturadas apenas as fêmeas (sem asas). Os insetos são esmagados, triturados e pronto, você tem o pó que é o corante carmim.

Ou seja, basicamente você come inseto moído e adora.

Atualmente, o Peru é o maior produtor desses bichos, que são cultivados em cactos da vegetação local.

Duas coisas, entretanto, têm feito muitas empresas buscarem outras alternativas à cochonilha (como por exemplo extrato de cenoura, de beterraba, de urucum): o mercado desse corante está em expansão, e com a demanda subindo e a oferta mais ou menos constante, o preço tem subido bastante. Além, é claro, do protesto de entidades de proteção dos animais (inclusive eventuais boicotes promovidos por veganos).

Afinal, como disse minha avó certa vez, quando inquiri da necessidade de existência de pernilongos: “são todos bichinhos de Deus, né?”

Fonte: livro A Perfect Red, de Amy Butler Greenfield

* Bolacha é o certo. Não biscoito.

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Informação que você não precisa, mas que é sempre bom ter.

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